FIV: explicação dos termos, procedimentos e siglas mais comuns

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09 Out 2025
Técnico de laboratório numa clínica de fertilidade a mostrar sinal positivo com a mão após procedimentos de FIV bem-sucedidos, incluindo transferência de embriões, fertilização, teste PGT e análise de espermatozoides.

Guia completo da FIV

Iniciar um tratamento de fertilidade pode ser avassalador, principalmente ao tentar perceber tudo o que estes tratamentos significam e podem fazer por si. O universo da FIV (fertilização in vitro) está cheio de termos, siglas e procedimentos que podem soar confusos ao início. Se está a dar os primeiros passos nestes tratamentos, é perfeitamente natural não saber tudo.

Na Procriar, acreditamos que compreender cada etapa do percurso faz uma grande diferença. O conhecimento traz confiança e ajuda a sentir-se mais em controlo.

Neste artigo, convidámos a Dra. Joana Mesquita Guimarães, a diretora clínica da Procriar, para explicar os termos mais usados na FIV, descrever os principais procedimentos de fertilidade e simplificar as siglas que vai ouvir ao longo do tratamento.

Quer esteja a preparar-se para a primeira consulta ou já em tratamento, este guia foi criado para ajudar a sentir-se mais confiante, com tranquilidade e informação.

 

O que é a FIV?

A Dra. Guimarães explica:

FIV significa fertilização in vitro. É um tratamento de fertilidade utilizado para ajudar a engravidar. Durante a FIV, os óvulos são recolhidos dos ovários e fertilizados com espermatozoides, em laboratório.

 

Depois da fertilização, o embrião (ou embriões) pode ser:

  • Transferido para o útero, onde pode implantar-se e desenvolver-se até gerar uma gravidez, ou
  • Criopreservado para uso futuro, caso seja necessário.

Visite a nossa página sobre a FIV para saber mais sobre o processo passo a passo.

 

Explicação dos termos mais comuns da FIV

Segundo a Dra. Guimarães, estes são alguns dos principais termos que vai encontrar ao longo dos seus tratamentos de fertilidade:

 

Exame Anti-Mülleriano (AMH):

Mão com luva a segurar uma amostra de sangue para testes de AMH e FSH, exames importantes de fertilidade usados para avaliar a reserva ovárica durante a FIV.

O teste de AMH é um teste de fertilidade que mede o nível de hormona anti-mulleriana no sangue. Esta hormona é produzida por pequenos folículos nos ovários e dá aos médicos uma ideia da reserva ovárica, ou seja, quantos óvulos ainda poderá ter.

Níveis mais altos de AMH sugerem, normalmente, uma maior quantidade de óvulos. Níveis mais baixos podem indicar uma reserva ovárica mais reduzida. O nível desta hormona é estável ao longo do ciclo inteiro.

Segundo a Dra. Guimarães:

 

Importa saber que este teste não mede a qualidade dos óvulos, apenas a quantidade. Os resultados de AMH são combinados com outros exames para definir a melhor abordagem de tratamento.

 

Exame da Hormona Foliculoestimulante (FSH):

O teste de FSH mede a quantidade da hormona folículo-estimulante no sangue, normalmente, no início do ciclo menstrual. Esta hormona tem um papel essencial no desenvolvimento dos folículos.

Valores mais altos de FSH podem indicar que os ovários estão a esforçar-se mais para estimular o desenvolvimento dos óvulos, o que pode ser sinal de reserva ovárica diminuída.

Tal como o AMH, o FSH é apenas uma peça do puzzle, sendo sempre interpretado em conjunto com outros resultados para construir uma visão completa da sua saúde reprodutiva.

Para conhecer outros exames de fertilidade, leia o nosso guia: Testes de fertilidade para mulheres: 10 exames que ajudam a avaliar a sua fertilidade.

 

Reserva ovárica

A reserva ovárica refere-se ao número e à qualidade dos óvulos que permanecem nos ovários. É um fator importante na fertilidade e pode influenciar a forma como o corpo responde a um tratamento de FIV.

As mulheres nascem com todos os óvulos que vão ter ao longo da vida. Com a idade, a reserva ovárica diminui naturalmente e a qualidade dos óvulos também pode reduzir. É por isso que a fertilidade feminina tende a baixar a partir dos 35 anos.

O especialista em fertilidade pode recomendar exames como o teste de AMH (hormona antimulheriana), ou uma ecografia com contagem de folículos antrais (AFC) para estimar a reserva ovárica. Estes resultados ajudam o médico a personalizar o plano de estimulação e a prever melhor quantos óvulos poderão ser recolhidos durante o ciclo de FIV.

A Dra. Guimarães explica:

Uma reserva ovárica mais baixa não significa que não possa engravidar, mas pode afetar o número de óvulos disponíveis e a estratégia recomendada pela equipa médica.

 

Para mais informação sobre a reserva ovárica e a fertilidade, leia o nosso guia: Fertilidade feminina: Quando ocorre o período fértil e o que causa infertilidade?

 

Estimulação ovárica

A estimulação ovárica é o primeiro passo importante num ciclo de FIV.  Num ciclo natural (sem FIV), o corpo seleciona apenas um óvulo de um grupo de óvulos disponíveis para amadurecer e ser libertado na ovulação.

Os restantes óvulos deixam de se desenvolver e são reabsorvidos pelo organismo.

Com a estimulação ovárica, utilizam-se medicamentos hormonais para incentivar todos os óvulos desse grupo a crescerem ao mesmo tempo.

Desta forma, em vez de se perderem, é possível recolher vários óvulos maduros de uma só vez durante a recolha. Ter mais óvulos disponíveis aumenta as probabilidades de criar embriões saudáveis, que podem ser transferidos de imediato ou criopreservados para uso futuro.

O número de óvulos em cada grupo pode variar de acordo com vários fatores, incluindo:

  • Idade: mulheres mais jovens costumam ter maior quantidade; acima dos 35 anos, tendem a ser menos.
  • Reserva ovárica: mulheres com reserva ovárica mais alta respondem melhor à estimulação, produzindo mais óvulos;  já uma reserva mais baixa pode resultar em menos óvulos.

O especialista em fertilidade personaliza sempre o plano de estimulação ovárica para otimizar a resposta e dar-lhe as melhores hipóteses de sucesso.

 

Recolha de óvulos

A recolha dos óvulos é um passo importante no processo da FIV. É um pequeno procedimento cirúrgico em que os óvulos são retirados dos ovários para depois serem fertilizados em laboratório.

O que acontece durante a recolha:

  • É administrada uma sedação ligeira para garantir conforto.
  • O médico utiliza uma ecografia para localizar os folículos.
  • Cada folículo é como um pequeno saco cheio de líquido que, normalmente, contém um óvulo em desenvolvimento.
  • É usada uma agulha fina para sugar suavemente o líquido de cada folículo.

É importante saber que nem todos os folículos contêm óvulos. Alguns podem estar vazios e outros podem ter óvulos ainda imaturos, o que é totalmente normal.

Após o procedimento:

  • O líquido recolhido é levado imediatamente para o laboratório.
  • O embriologista analisa o líquido para identificar e recolher os óvulos.
  • Os óvulos maduros são então preparados para a fertilização.

A Dra. Guimarães explica:

 

O número de óvulos recolhidos depende de quantos folículos se desenvolveram e de quantos continham óvulos maduros. A equipa médica explica sempre os resultados após o procedimento.

 

Fertilização dos óvulos

Imagem microscópica de um procedimento de injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI) durante a FIV, que mostra a introdução de um espermatozoide diretamente num óvulo para contribuir para a fertilização

Depois da recolha, os óvulos são levados para o laboratório para serem fertilizados. Dependendo da situação, a fertilização pode acontecer de diferentes formas:

  • Fertilização convencional: os óvulos e os espermatozoides são colocados juntos para permitir a fertilização de forma natural.
  • ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide): um único espermatozoide é injetado diretamente num óvulo. É uma técnica recorrentemente utilizada quando existem problemas de qualidade do sémen.

O sémen é recolhido no mesmo dia da recolha dos óvulos. A maioria dos pacientes fornece uma amostra de sémen, mas, se necessário, pode ser obtido cirurgicamente:

  • TESA  (biópsia testicular  aspirativa): utiliza-se uma agulha para recolher espermatozoides diretamente do testículo.
  • TESE (biópsia testicular extrativa): remove uma pequena amostra de tecido testicular para procurar espermatozoides.

Em alguns casos, pode-se recorrer a um dador de sémen. Esta opção é útil quando existem problemas graves de fertilidade masculina, risco de transmissão de uma doença genética, ou no caso de mulheres solteiras e casais de mulheres.

O esperma doado é cuidadosamente analisado e preparado em laboratório para garantir as melhores hipóteses de sucesso.

Após a fertilização, os embriões são acompanhados de perto no laboratório enquanto iniciam o seu desenvolvimento.

 

Motilidade dos espermatozoides

A motilidade refere-se à forma como os espermatozoides se movem. Durante uma análise ao sémen, os espermatozoides são observados ao microscópio para avaliar quão ativos e eficientes são os seus movimentos.

Para que a fertilização aconteça de forma natural, é importante que os espermatozoides se desloquem de forma vigorosa e em linha reta, para alcançar o óvulo.

A Dra. Guimarães explica:

 

Uma motilidade reduzida pode dificultar a fertilização natural. Nestes casos, podem ser recomendadas técnicas como a ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) no contexto da FIV.

 

Morfologia dos espermatozoides

A morfologia diz respeito ao tamanho e à forma dos espermatozoides. Numa análise de sémen, avalia-se se os espermatozoides têm uma estrutura normal: cabeça oval e lisa, corpo e cauda com movimento adequado.

Formas anómalas podem tornar mais difícil a deslocação até ao óvulo ou a própria fertilização.

Segundo a Dra. Guimarães:

 

Alguma variação é normal, mas uma maior percentagem de espermatozoides bem formados aumenta as probabilidades de uma fertilização bem-sucedida.

 

Contagem de espermatozoides

A contagem mede quantos espermatozoides existem numa amostra de sémen. Inclui a concentração (quantos espermatozoides existem por mililitro) e a contagem total (número de espermatozoides em toda a amostra).

Uma contagem mais elevada pode aumentar as probabilidades de fertilização, enquanto uma contagem mais baixa pode dificultá-las. No entanto, muitas pessoas com contagens baixas conseguem engravidar, especialmente com recurso a tratamentos como a FIV e a ICSI.

Ilustração que mostra diferenças na contagem, morfologia e motilidade dos espermatozoides, explicando características normais e anormais em avaliações de fertilidade.

Caption: Este diagrama mostra três aspetos importantes da análise ao sémen. Na primeira parte (contagem), à esquerda observa-se uma contagem normal e à direita uma contagem baixa. Na segunda parte (morfologia), os espermatozoides de forma normal estão à esquerda e os de forma anómala à direita. Na terceira parte (motilidade), os espermatozoides com movimento normal estão à esquerda e os com motilidade alterada à direita.

 

Blastocisto

Um blastocisto é um embrião que se desenvolveu durante cerca de cinco a seis dias após a fertilização. Nesta fase, o embrião já se dividiu em muitas mais células e formou uma cavidade cheia de líquido, preparando-se para se implantar no revestimento do útero.

Na FIV, os embriões podem ser transferidos em diferentes fases:

  • Dia 3: embriões com cerca de 6 a 8 células. Algumas clínicas ainda transferem embriões nesta fase.
  • Dia 5 (blastocisto): embriões mais desenvolvidos, com uma estrutura avançada, que já contam com mais de 100 células.

A Dra. Guimarães explica:

 

Na Procriar, normalmente, transferimos os embriões na fase de blastocisto. Isto porque a investigação mostra que os blastocistos têm maior probabilidade de implantação bem-sucedida comparativamente a embriões em fases mais precoces, já que a cultura prolongada permite conhecer melhor o desenvolvimento dos embriões.

 

Os embriões que atingem a fase de blastocisto já ultrapassaram etapas críticas do desenvolvimento inicial, o que os torna mais fortes, saudáveis e com maior capacidade de continuar a crescer.

Além disso, manter os embriões em cultura até ao 5.º dia permite à equipa de embriologistas selecionar os que têm melhor potencial de implantação, aumentando as hipóteses de sucesso.

Este diagrama mostra um blastocisto, embrião em dia 5 ou 6 de desenvolvimento. A massa celular interna (conjunto de células na parte inferior) dará origem ao bebé. A camada externa das células, chamada trofoectoderme, vai formar a placenta. O espaço central cheio de líquido é a cavidade do blastocisto. Nesta fase, os embriões são transferidos, durante a FIV, por terem maior probabilidade de implantação.

Caption: Este diagrama mostra um blastocisto, embrião em dia 5 ou 6 de desenvolvimento. A massa celular interna (conjunto de células na parte inferior) dará origem ao bebé. A camada externa das células, chamada trofoectoderme, vai formar a placenta.  O espaço central cheio de líquido é a cavidade do blastocisto. Nesta fase, os embriões são transferidos, durante a FIV, por terem maior probabilidade de implantação.

 

Classificação dos embriões

Na fase de blastocisto, os embriões costumam ser classificados com um número e duas letras. Na Procriar, utilizamos tanto a classificação ASEBIR como a Gardner. Um exemplo seria ver uma nota como 5AA ou 4BB.  O que significa:

  • Número: indica o grau de expansão do blastocisto (quanto cresceu). Números mais altos correspondem, normalmente, a blastocistos mais expandidos.
  • Primeira letra: avalia a qualidade da massa celular interna (que dará origem ao bebé).
    Segunda letra: avalia a qualidade do trofoectoderme (que dará origem à placenta).

Escala das letras:

  • A: qualidade excelente
  • B: boa qualidade
  • C: qualidade razoável

Por exemplo:

  • 5AA: blastocisto totalmente expandido e de qualidade excelente.
  • 4BB: blastocisto um pouco menos expandido, mas ainda de boa qualidade.
  • 3BC: blastocisto menos expandido, com qualidade mista da massa celular interna e do trofoectoderme.

É importante salientar que as decisões sobre transferência ou vitrificação não se baseiam apenas nesta classificação: consideram-se também outros fatores, como a morfocinética do embrião, muitas vezes avaliada com apoio de ferramentas de inteligência artificial.

A Dra. Guimarães explica:

 

A classificação dos embriões é apenas um guia, não uma garantia. Mesmo embriões com classificações mais baixas podem dar origem a gravidezes saudáveis. A nossa equipa explica sempre a classificação e ajuda a compreender as opções disponíveis.

 

Transferência de embriões

A transferência de embriões acontece quando um (ou, por vezes, dois) embriões são colocados no útero através de um cateter fino. É um procedimento simples, que dura cerca de 15 a 20 minutos e é, na maioria dos casos, indolor.

 

Transferência de embriões frescos vs embriões congelados

Após a FIV, os embriões podem ser transferidos logo no mesmo ciclo (transferência de embriões frescos) ou congelados para transferência posterior (transferência de embriões congelados, ou TEC).

Transferência de embriões frescos

  • Ocorre alguns dias depois da recolha dos óvulos, normalmente ao 5.º dia de desenvolvimento do embrião.
  • Algumas clínicas transferem embriões ao 3.º dia (cerca de 6 a 8 células), mas na Procriar já não realizamos transferências nesta fase.
  • Durante a transferência com embriões frescos, o corpo ainda está sob efeito das medicações de estimulação ovárica. Alguns especialistas acreditam que estes níveis hormonais podem afetar a recetividade do endométrio, embora muitas transferências resultem com sucesso.

Transferência de embriões congelados (TEC)

  • Os embriões são congelados e guardados para uso num ciclo futuro.
  • Esta opção dá tempo ao corpo para regressar a um estado hormonal mais natural, podendo criar um ambiente mais equilibrado para a implantação.
  • O TEC permite ainda mais tempo para exames adicionais, como o PGT-A (Rastreio de aneuploidias pré-implantação), que ajuda a selecionar os embriões com maiores hipóteses de dar origem a uma gravidez saudável.

Os embriões são congelados em várias situações, como por exemplo:

  • Quando sobram embriões viáveis para além dos transferidos para o útero.
  • Quando é necessário terminar tratamentos médicos, como terapias oncológicas, ou gerir condições como a endometriose.
  • Quando se pretende planear o momento mais adequado para a implantação.

A criopreservação oferece flexibilidade e, em alguns casos, pode aumentar as taxas de sucesso, dependendo da situação de cada paciente.

Imagem de recipiente criogénico a libertar vapor, representando o processo de congelação de embriões ou óvulos — uma técnica essencial na preservação da fertilidade feminina.

 

Ciclo natural vs. ciclo artificial

Ao preparar a transferência de embriões, existem dois tipos principais de ciclo:

Ciclo natural

  • Depende da ovulação natural do corpo.
  • Não são usadas medicações hormonais.
  • A clínica monitoriza o ciclo com ecografias e análises ao sangue.
  • A transferência é agendada em função da ovulação natural.
  • Mais indicado para pacientes com ciclos regulares e ovulação previsível.

Ciclo artificial

  • Recorre a medicação hormonal para preparar o útero.
  • O estrogénio e a progesterona ajudam a espessar o endométrio.
  • A ovulação é controlada pelo médico.
  • Proporciona maior flexibilidade e planeamento.
  • Normalmente, é recomendado em casos de ciclos irregulares ou dificuldades prévias de implantação.

Também pode ser utilizada uma opção intermédia, o ciclo natural modificado, em algumas pacientes. Na Procriar, a decisão é sempre personalizada, de acordo com a avaliação médica de cada caso.

 

Implantação

Depois da transferência, o embrião precisa de se fixar no endométrio. Este processo chama-se implantação e é um dos passos mais importantes no início de uma gravidez.

A implantação costuma acontecer entre 6 a 10 dias após a transferência do embrião.

Durante este período, o embrião comunica com o endométrio (camada interna do útero) e encontra o melhor local para se fixar.

Uma vez implantado, o embrião começa a estabelecer ligação com a circulação sanguínea da mãe, o que lhe permite continuar a crescer.

Os fatores que podem influenciar o sucesso da implantação incluem:

  • Qualidade do embrião
  • Espessura e recetividade do endométrio
  • Níveis hormonais, em particular da progesterona
  • Saúde uterina geral

A Dra. Guimarães explica:

 

“A implantação é um processo natural e, mesmo quando tudo parece perfeito, nem todos os embriões se implantam. É por isso que o tempo de espera de duas semanas após a transferência pode ser tão emocional e incerto.”

 

Preparação da fase lútea

Após a transferência do embrião, é comum tomar suplementos hormonais para preparar a implantação e o início da gravidez. Esta fase serve para preparar a fase lútea.

A fase lútea corresponde à segunda metade do ciclo menstrual, ou seja, ao período após a ovulação. Nesta fase, o corpo produz naturalmente progesterona, a hormona que prepara o endométrio para receber o embrião e ajuda a manter uma gravidez no seu início.

Durante a FIV, os níveis hormonais podem ser alterados pela estimulação ovárica. Para garantir que o ambiente uterino se mantém estável e favorável, é habitual prescrever-se progesterona adicional (e, por vezes, estrogénio) após a transferência.

A preparação da fase lútea pode incluir:

  • Supositórios vaginais, cápsulas ou gel de progesterona
  • Em alguns casos, medicação oral ou adesivos

Normalmente, esta fase mantém-se até ao teste de gravidez e, em caso de resultado positivo, pode continuar nas primeiras semanas da gestação.

Estes suplementos hormonais são fundamentais para favorecer a implantação e preparar o desenvolvimento inicial do embrião.

Tempo de espera de duas semanas

A espera de duas semanas corresponde ao período entre a transferência do embrião e o teste de gravidez. Costuma durar entre 9 a 14 dias.

Durante este tempo, espera-se que o corpo dê sinais de que a implantação ocorreu com sucesso. Pode notar sintomas como ansiedade, cólicas, pequenos sangramentos, ou cansaço. No entanto, estes sintomas não são sinais fiáveis de gravidez, sobretudo porque a medicação da fase lútea (como a progesterona) pode provocar sensações semelhantes às da gravidez em fase inicial.

Segundo a Dra. Guimarães:

 

A espera de duas semanas pode ser um período emocionalmente intenso, cheio de esperança mas também de incerteza. O mais importante é ter calma consigo própria e confiar nas orientações da sua clínica até ao teste oficial de gravidez.

 

Teste beta-hCG

Cerca de duas semanas depois da transferência do embrião, é feito um exame de sangue para detetar a presença da hormona da gravidez, a hCG (gonadotrofina coriónica humana), no organismo.  Este exame costuma ser chamado de “teste beta”.

Plano de perto de uma mão com luva a segurar num tubo de sangue identificado como beta-hCG, ao lado de uma tira de teste de gravidez positiva, usados para confirmar a gravidez após a FIV.

 

Procedimentos comuns na FIV

Dependendo da situação clínica, o médico pode recomendar alguns procedimentos específicos além da FIV normal. Eis os mais importantes:

ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide)

A ICSI é uma técnica laboratorial em que um único espermatozoide é injetado diretamente num óvulo para facilitar a fertilização. Costuma ser utilizada quando existem fatores de infertilidade masculina, como baixa contagem de espermatozoides, motilidade reduzida, ou dificuldades anteriores de fertilização

Teste genético pré-implantação (PGT)

O PGT consiste em analisar os embriões antes da transferência, de forma a detetar alterações genéticas ou cromossómicas. É especialmente útil em situações de histórico de doenças genéticas, abortos espontâneos frequentes, ou falhas anteriores de FIV

Há diferentes tipos de PGT:

PGT-A (aneuploidias): verifica se há um número anormal de cromossomas.
PGT-M (doenças monogénicas): rastreia doenças hereditárias específicas.
PGT-SR (rearranjos estruturais): identifica alterações estruturais nos cromossomas.

 

Criopreservação de óvulos

A criopreservação de óvulos permite que mulheres preservem a sua fertilidade, ao congelar os óvulos maduros para uso futuro.

Pode ser recomendada por razões pessoais, médicas (ex.: antes de tratamentos oncológicos) ou quando se pretende adiar a maternidade.

O processo utiliza a vitrificação, um método de congelação ultrarrápida que protege os óvulos até serem usados.

 

(ROPA) Recuperação de Ovócitos da Parceira

O ROPA é um tratamento pensado para casais de mulheres.    Uma das parceiras fornece os óvulos e a outra recebe o embrião e carrega a gravidez. Desta forma, ambas partilham uma ligação biológica com o bebé, tornando o percurso mais partilhado.

 

Doação de esperma e de óvulos

Em alguns casos, pode ser necessário recorrer a dadores de óvulos ou de esperma para gerar uma gravidez.

Esta opção é considerada quando existem desafios de fertilidade mais complicados, riscos genéticos ou no caso de famílias monoparentais e casais do mesmo sexo.

Todos os dadores são cuidadosamente selecionados e avaliados para garantir a segurança e as melhores hipóteses de sucesso.

 

Siglas comuns da FIV

É provável que durante o tratamento ou em consultas ouça muitos acrónimos ou siglas usados por especialistas em fertilidade. Estes são os mais comuns:

  • FIV (fertilização in vitro)
  • ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide)
  • PGT (teste genético pré-implantação)
  • TEC (transferência de embrião congelado)
  • TE (transferência de embrião)
  • AMH (hormona antimulheriana – marcador da reserva ovárica)
  • hCG (gonadotrofina coriónica humana – hormona da gravidez)
  • OHSS (Síndrome de hiperestimulação ovárica)
  • SOP(síndrome dos ovários poliquísticos)

Compreender estas siglas ajuda a acompanhar melhor as conversas com a equipa médica.

Porque é importante compreender a terminologia da FIV

Segundo a Dra. Guimarães:

“Iniciar um tratamento de FIV é um compromisso emocional, físico e financeiro muito grande. Sentir-se confiante sobre o que está a acontecer em cada etapa pode reduzir a ansiedade e ajudar a sentir-se mais segura e participativa.”

 

Quando compreende a linguagem que o seu médico utiliza, consegue fazer perguntas melhores, tomar decisões mais informadas e sentir-se parte ativa no seu tratamento.

Na Procriar, incentivamos todos os pacientes a colocarem dúvidas em qualquer fase do processo. Nenhuma pergunta é demasiado pequena ou óbvia. Acreditamos que pacientes informados tomam sempre as decisões mais certas.

Casal a dar as mãos durante uma consulta de fertilidade, com o médico a escrever apontamentos num bloco, e estetoscópio ao lado.

 

Perguntas frequentes sobre a terminologia e os procedimentos da FIV

Quais são os termos mais comuns da FIV que devo conhecer?
Alguns dos mais importantes incluem estimulação ovárica, recolha dos óvulos, fertilização, transferência de embriões e implantação. Compreender estes passos ajuda a sentir-se mais preparada e confiante durante o tratamento.

Qual é a diferença entre FIV e ICSI?
Na FIV convencional, os óvulos e os espermatozoides são colocados juntos e a fertilização acontece de forma natural. Na ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), um único espermatozoide é injetado diretamente no óvulo, e é uma técnica indicada sobretudo em casos de infertilidade masculina.

O que significa PGT na FIV?
PGT é o teste genético pré-implantação. Consiste em analisar embriões para identificar alterações cromossómicas ou doenças monogénicas antes da transferência, o que ajuda a selecionar os embriões mais saudáveis.

Quantos embriões são normalmente transferidos durante a FIV?
Na maioria dos casos (especialmente em mulheres mais jovens, quando se usam embriões testados ou óvulos de uma dadora) recomenda-se a transferência de um embrião para reduzir o risco de gravidez gemelar.  O número exato é sempre decidido pelo especialista.

O que é uma transferência de embrião congelado (TEC)?
É quando um embrião previamente congelado é descongelado e transferido para o útero num ciclo posterior. Permite maior flexibilidade no planeamento e preparação.

A FIV garante sempre uma gravidez?
Infelizmente, nenhum tratamento de fertilidade pode garantir uma gravidez. A FIV aumenta bastante as probabilidades, mas o sucesso depende de fatores como a idade, a qualidade dos embriões e a saúde geral.

A FIV é dolorosa?
O processo envolve injeções, monitorizações e pequenos procedimentos. Algumas mulheres sentem desconforto, mas a maioria considera o processo bastante suportável. A equipa da Procriar acompanha as pacientes em cada etapa para oferecer o máximo de conforto.

Quando devo considerar fazer o PGT?
O PGT é recomendado, por exemplo, em mulheres com mais de 37 anos, em casos de abortos espontâneos repetitivos, doenças genéticas conhecidas ou falhas em ciclos de FIV anteriores.

Quanto tempo dura um ciclo completo de FIV?
Um ciclo completo de FIV dura, em média, entre 6 a 8 semanas, desde o início da estimulação ovárica até ao teste de gravidez. Os tempos podem variar consoante o plano personalizado.

Considerações finais

Compreender a terminologia e os procedimentos da FIV é um passo importante para se sentir mais confortável e em controlo.

Na Procriar, estamos aqui para orientar com conhecimento, experiência e empatia. Se tiver dúvidas sobre a FIV ou quiser falar com um dos nossos especialistas em fertilidade, entre em contacto connosco ainda hoje. Estamos prontos para lhe dar apoio em cada etapa do processo.