Testes de fertilidade para mulheres: 10 exames que ajudam a avaliar a sua fertilidade

  • Guias
22 Apr 2025
Mulher que faz uma ecografia pélvica como parte de um teste de fertilidade para avaliar a saúde reprodutiva e determinar as condições dos ovários ou do útero.

Obter respostas

Compreender a sua fertilidade pode trazer respostas importantes, seja porque está a tentar engravidar ou a planear o futuro.

Os testes de fertilidade feminina ajudam a identificar fatores que possam afetar as suas hipóteses de engravidar, dando-lhe uma visão mais clara sobre o que fazer a seguir.

Neste artigo, falamos com a Dra. Joana Mesquita Guimarães, diretora clínica da Procriar, para explicar os diferentes tipos de testes de fertilidade, o que esperar de cada um e como podem ajudar.

Porque é importante avaliar a fertilidade?

Engravidar nem sempre é tão simples como parece. A fertilidade depende de vários fatores, incluindo:

  • Idade – a fertilidade diminui naturalmente com o tempo.
  • Condições de saúde – problemas como SOP ou endometriose podem afetar a gravidez.
  • Estilo de vida – stress, alimentação, tabaco e outros hábitos também podem influenciar.
  • Genética – alguns problemas de fertilidade podem ter origem hereditária.

Por isso, avaliar a fertilidade torna-se fundamental. Pode dar-lhe respostas, quer esteja a tentar engravidar sem sucesso, quer queira simplesmente compreender melhor a sua fertilidade.

Segundo a Dra. Guimarães:

“os testes ajudam a detetar precocemente quaisquer problemas, permitindo decidir com mais clareza os passos seguintes”.

 

Quando considerar fazer testes de fertilidade?

Pode ser uma boa ideia avaliar a sua fertilidade se:

 

  • Está a tentar engravidar há mais de 1 ano (ou 6 meses, se tiver mais de 35 anos)
  • Tem menstruações irregulares ou ausentes
  • Tem historial de SOP, endometriose ou outras condições reprodutivas
  • Já teve vários abortos espontâneos
  • Quer avaliar a sua fertilidade antes de planear uma gravidez

Principais testes de fertilidade feminina

Existem vários exames que ajudam a avaliar a fertilidade feminina. Alguns medem os níveis hormonais, enquanto outros analisam a estrutura e o funcionamento do sistema reprodutor. O seu médico pode recomendar um ou mais destes testes, consoante o seu historial clínico e situação específica.

Alguns destes exames fazem parte da primeira avaliação, para perceber o que pode estar a interferir com a sua fertilidade. Outros são usados ao longo do tratamento, para acompanhar a resposta do corpo.

Exame Anti-Mülleriano (AMH):

O exame AMH avalia os níveis da hormona anti-mülleriana (AMH) no sangue. Esta hormona é produzida pelos folículos mais pequenos nos ovários e é um indicador importante da reserva ovariana, ou seja, a quantidade de óvulos que ainda tem disponíveis.

A Dra. Guimarães explica:

“As mulheres nascem com todos os óvulos que vão ter ao longo da vida, e essa reserva vai diminuindo naturalmente com o tempo. Níveis elevados de AMH indicam uma reserva ovariana maior, enquanto níveis baixos podem significar que restam menos óvulos.”

 

Porque é que o exame AMH é importante?

  • Ajuda a estimar a sua reserva ovariana, dando uma ideia da quantidade de óvulos que pode ter.
  • Não mede a qualidade dos óvulos, mas pode indicar como os ovários vão responder a tratamentos de fertilidade, como a FIV.
  • Normalmente, é usado para avaliar condições como a SOP (associada a níveis elevados de AMH) ou menopausa precoce (associada a níveis baixos).

O que esperar de um exame AMH?

  • É uma análise feita a uma colheita de sangue, simples e rápida, realizada num laboratório.
  • Ao contrário de outros exames hormonais, não precisa de ser feito num dia específico do ciclo, pode ser realizado a qualquer momento.
  • Os resultados ajudam os especialistas a compreender o seu potencial reprodutivo e a orientar os passos seguintes, caso esteja a tentar engravidar.

Exame da Hormona Foliculoestimulante (FSH):

O exame FSH mede os níveis da hormona folículoestimulante (FSH), produzida pela hipófise. Esta hormona tem um papel essencial na regulação do ciclo menstrual e no desenvolvimento dos óvulos.

A FSH estimula o crescimento dos folículos nos ovários, que contêm os óvulos em desenvolvimento.

Se os níveis de FSH estiverem elevados, pode indicar que os ovários não estão a responder tão bem como deveriam, o que pode ser sinal de uma reserva ovariana reduzida.

Porque é que o exame FSH é importante?

  • A FSH está diretamente relacionada com a reserva ovariana. Quando o corpo deteta menos óvulos disponíveis, produz mais FSH. É por isto que níveis de FSH mais elevados podem indicar uma reserva ovariana reduzida.
  • Níveis elevados podem indicar que os ovários precisam de mais estímulo para libertar um óvulo, o que pode dificultar a concessão. Isto é comum em mulheres com reserva ovariana diminuída ou perto da menopausa.
  • Níveis mais baixos de FSH tendem a ser melhores para a fertilidade, pois indicam que os ovários estão a responder normalmente aos sinais hormonais. Ainda assim, níveis muito baixos também podem estar associados a condições específicas, como a síndrome de Kallmann.
  • O exame FSH é frequentemente realizado em conjunto com outros exames, como o AMH, para obter uma visão mais completa da saúde reprodutiva.

O que esperar de um exame FSH?

  • É uma análise ao sangue simples.
  • Normalmente é feita entre o 2.º e o 3.º dia do ciclo menstrual, para que os resultados sejam mais fiáveis.
  • Ajuda os especialistas a avaliar a função ovárica e a definir a melhor abordagem para engravidar ou iniciar tratamentos de fertilidade.

Exame de estradiol (E2)

O exame de estradiol mede os níveis de estradiol (E2), uma forma de estrogénio essencial para o desenvolvimento dos óvulos e para a ovulação.

O estradiol é produzido pelos folículos nos ovários e tem um papel importante na regulação do ciclo menstrual. Este exame é frequentemente realizado em conjunto com o FSH para ajudar a avaliar a função ovárica.

Porque é que o exame de estradiol é importante?

  • Ajuda a perceber como os ovários estão a responder à FSH. Níveis de estradiol elevados no início do ciclo podem indicar uma reserva ovariana reduzida ou desequilíbrios hormonais, mas níveis muito baixos numa fase mais avançada do ciclo também podem indicar problemas.
  • O estradiol é essencial não só para o crescimento dos folículos e dos óvulos, mas também para o desenvolvimento do endométrio.

O que esperar de um exame de estradiol?

  • É feito através de uma colheita de sangue.
  • Costuma ser realizado no 3.º dia do ciclo menstrual, tal como o exame FSH, para resultados mais fiéis.
  • Os resultados ajudam os especialistas em fertilidade a avaliar a função ovárica e a definir os próximos passos para quem está a tentar engravidar.

Exame da hormona luteinizante (LH)

O exame de LH mede os níveis da hormona luteinizante, que desempenha um papel essencial na ovulação.

A LH é produzida pela glândula pituitária e é responsável por desencadear a libertação de um óvulo maduro a partir do ovário. Acompanhar os níveis de LH pode ajudar a identificar o momento da ovulação e possíveis desequilíbrios hormonais que afetam a fertilidade.

Porque é que o exame de LH é importante?

  • Um pico de LH sinaliza que a ovulação está prestes a acontecer, por isso, é frequentemente usado para prever os dias mais férteis do ciclo.
  • Desequilíbrios nos níveis de LH podem indicar problemas de ovulação, o que dificulta a gravidez.
  • Uma relação entre FSH e LH baixa pode ser um sinal de síndrome dos ovários poliquísticos (SOP), uma condição comum que afeta a ovulação.

O que esperar de um exame de LH?

  • A LH pode ser medida através de uma análise ao sangue feita numa clínica de fertilidade ou num laboratório.
  • Também pode ser medida em casa com testes de ovulação (OPKs), que detetam o pico de LH na urina.
  • Os resultados ajudam a confirmar se a ovulação está a acontecer com regularidade e a orientar o planeamento da gravidez ou os tratamentos de fertilidade.

Exame de progesterona

O exame de progesterona mede os níveis de progesterona, que tem um papel fundamental na preparação do útero para uma gravidez.

Depois da ovulação, a progesterona ajuda a transformar o endométrio, criando as condições ideais para que um óvulo fertilizado possa implantar.

Segundo a Dra. Guimarães:

“Avaliar os níveis de progesterona permite confirmar se houve ovulação e perceber se a fase lútea, a segunda metade do ciclo menstrual, está a decorrer de forma adequada.”

 

A fase lútea é a segunda metade do ciclo menstrual. Começa após a ovulação e dura até ao início da menstruação seguinte. Nesta fase, o corpo prepara-se para uma possível gravidez.

Porque é que o exame de progesterona é importante?

  • Um aumento precoce da progesterona pode afetar o endométrio e torná-lo menos recetivo. Nesses casos, pode ser necessário adiar a transferência de embriões e criopreservá-los para usar num ciclo futuro.
  • Confirma a ovulação, ao mostrar se os níveis de progesterona aumentam após a libertação do óvulo.
  • Níveis baixos podem indicar problemas de ovulação ou uma fase lútea curta, o que pode dificultar a implantação.
  • O teste também ajuda a identificar deficiência da fase lútea, uma condição em que o endométrio não se desenvolve o suficiente para suportar uma gravidez. Nestes casos, é necessário adicionar a quantidade certa de progesterona ao ciclo.

O que esperar de um exame de progesterona

  • É feito através de uma colheita de sangue numa clínica de fertilidade ou num laboratório.
  • Normalmente, realiza-se por volta do 21.º dia de um ciclo de 28 dias, quando a progesterona está no seu pico.
  • Os resultados permitem aos especialistas confirmar se a ovulação está a decorrer e se é necessário apoio hormonal.
  • O exame também pode ser realizado noutras fases de um ciclo de FIV ou de transferência de embriões criopreservados, para garantir que os níveis de progesterona estão adequados.

Exame de prolactina

O exame de prolactina mede os níveis de prolactina, que é principalmente responsável pela produção de leite após o parto.

Embora a prolactina seja essencial para a amamentação, níveis elevados desta hormona, em mulheres que não estejam grávidas, podem interferir com a ovulação e com a regulação do ciclo menstrual, dificultando a gravidez.

Porque é que o exame de prolactina é importante?

  • Níveis elevados de prolactina podem alterar o equilíbrio hormonal necessário para a ovulação, levando a ciclos irregulares ou mesmo à anovulação (ausência de ovulação).
  • Pode ser sinal de hiperprolactinemia, uma condição em que o corpo produz demasiada prolactina. Pode ser causada por stress, certos medicamentos ou problemas na hipófise (como microadenoma ou macroadenoma da hipófise).
  • Avaliar os níveis de prolactina pode ajudar a diagnosticar desequilíbrios hormonais que contribuam para a infertilidade.

O que esperar de um exame de prolactina?

  • É feito através de uma colheita de sangue numa clínica de fertilidade ou num laboratório.
  • Normalmente é feito de manhã, porque os níveis de prolactina variam ao longo do dia.
  • Se os níveis estiverem elevados, pode ser necessário fazer exames adicionais para descobrir a causa e decidir se é necessário tratamento. Em algumas situações de hiperprolactinemia, o seu especialista em fertilidade pode recomendar uma ressonância magnética para confirmar a origem do problema.

 

Exames de imagiologia de fertilidade

Além das análises ao sangue, os exames de imagiologia podem ajudar a avaliar a saúde reprodutiva.

Ecografia

A ecografia é um exame importante na avaliação da fertilidade, porque permite aos médicos observar, com detalhe, os ovários, o útero e os folículos.

A ecografia transvaginal é a mais utilizada, já que fornece imagens mais nítidas dos ovários do que a ecografia abdominal.

Ajuda a identificar quistos, miomas ou outras alterações que podem influenciar a fertilidade.

Porque é que a ecografia é importante?

  • Dá informações sobre a saúde dos ovários, incluindo o número de folículos presentes (contagem de folículos antrais) e outras anomalias.
  • Permite detetar condições uterinas como miomas, pólipos ou malformações que possam influenciar a implantação.
  • É usada frequentemente para monitorizar a ovulação e o crescimento dos folículos durante os tratamentos de fertilidade.
  • Pode ajudar a identificar problemas que afetam outras partes do aparelho reprodutor, como endometriose, entre outros.

O que esperar de uma ecografia?

  • É realizada com uma sonda pequena, que é inserida na vagina, para captar imagens dos órgãos reprodutivos.
  • É um exame indolor, embora possa causar algum desconforto ligeiro.
  • É um procedimento rápido e costuma fazer parte da avaliação de rotina das consultas de fertilidade.

Histerossalpingografia (HSG)

A HSG é um exame de raio-X que avalia se as trompas de Falópio estão desobstruídas e analisa o formato do útero.

Como as trompas bloqueadas impedem os espermatozoides de alcançar o óvulo, este exame é crucial para identificar obstáculos.

Porque é que a HSG é importante?

  • Deteta obstruções nas trompas de Falópio, que podem dificultar ou impedir a fertilização.
  • Permite identificar alterações no útero, como aderências, miomas ou pólipos, que podem afetar a implantação.
  • Algumas mulheres notam um aumento da fertilidade nos meses seguintes ao exame, já que o contraste utilizado pode ajudar a desobstruir ligeiras obstruções.

O que esperar de uma HSG?

  • Um líquido de contraste é injetado no útero, enquanto são tiradas radiografias para acompanhar o percurso do líquido pelas trompas de Falópio.
  • Normalmente, é feito após a menstruação e antes da ovulação, para evitar interferências com uma possível gravidez em fase inicial.
  • Algumas mulheres sentem cólicas ligeiras ou um pouco de desconforto ou dor. No entanto, no geral, o exame é bem tolerado.

Histerossonografia

A histerossonografia, sonohisterografia de infusão salina, é um tipo especial de ecografia que permite observar com mais detalhe a cavidade uterina.

Durante o exame, é introduzida uma solução salina no útero para o expandir, o que facilita a visualização de anomalias que poderiam passar despercebidas numa ecografia normal.

Porque é que a histerossonografia é importante?

  • Proporciona imagens mais nítidas do útero do que uma ecografia tradicional.
  • Ajuda a detetar pólipos, miomas, aderências ou outros problemas estruturais que possam afetar a implantação.
  • É usada frequentemente quando a HSG deteta anomalias ou quando se pretende uma avaliação mais aprofundada do útero.

O que esperar de uma histerossonografia?

  • É introduzido um cateter fino através do colo do útero, por onde é injetada a solução salina.
  • Depois, é feita uma ecografia transvaginal para captar imagens do útero.
  • É um procedimento rápido e, para a maioria das mulheres, apenas causa um ligeiro desconforto.

Histeroscopia

A histeroscopia é um procedimento minimamente invasivo que permite aos médicos observar diretamente o interior do útero, através de uma pequena câmara.

Ao contrário de exames como a HSG ou a histerossonografia, a histeroscopia oferece uma visão direta da cavidade uterina, o que a torna uma das formas mais eficazes de diagnosticar e tratar anomalias uterinas.

Porque é que a histeroscopia é importante?

  • Permite diagnosticar e tratar, no mesmo procedimento, pólipos, miomas, aderências ou septos.
  • É especialmente útil quando outros exames de imagiologia detetam anomalias que precisam de investigação mais avançada.
  • Pode melhorar os resultados dos tratamentos de fertilidade, ao remover obstáculos que impedem a implantação.
  • Pode também ser usada para recolher uma pequena amostra do endométrio, para análise ao microscópio de infeções, problemas imunitários ou outras condições.

O que esperar de uma histeroscopia?

  • Uma câmara pequena (histeroscópio) é inserida através do colo do útero para examinar a cavidade uterina.
  • Se necessário, podem ser usados instrumentos cirúrgicos pequenos para remover pólipos, miomas ou cicatrizes, ou para recolher uma amostra do endométrio.
  • Costuma ser um procedimento de ambulatório. Pode causar cólicas, mas é possível utilizar anestesia para maior conforto.

 

O que fazer depois dos testes de fertilidade?

Se os resultados indicarem algum problema, o seu médico pode sugerir mudanças no estilo de vida, medicação, ou tratamentos como indução da ovulação, inseminação intrauterina (IIU), ou fertilização in vitro (FIV).

Mesmo que os exames revelem uma reserva ovariana reduzida, muitas pessoas conseguem engravidar com o apoio certo.

Considerações finais

Compreender a sua fertilidade dá-lhe o poder de tomar decisões informadas sobre a sua saúde reprodutiva.

Os testes ajudam a identificar potenciais dificuldades desde cedo, permitindo explorar opções para engravidar ou preservar a fertilidade.

Se tem dúvidas sobre a sua fertilidade, fale com um médico ou especialista fertilidade, para definir o melhor caminho para o seu caso.